Mas primeiro, foi Rita Redshoes a tomar conta do palco. O público compareceu mais cedo para assistir ao concerto da menina dos sapatos vermelhos, curioso para ver o que esta fazia sem David Fonseca. Abriu-nos o apetite para o que viria a seguir e fez-me pensar na canção Hold Still, que interpreta com David Fonseca. Tocou 8 músicas do seu novo álbum, presenteando-nos com a sua belíssima voz, onde o single Dream on Girl foi claramente a música mais aplaudida da cantora. Rita esteve muito emotiva a interpretar as suas canções, com alguma timidez, mas sempre segura. Estou curioso para ver um concerto da Rita com mais condições para explorar ao máximo a sua música.
Alinhamento:
1 – The Beginning Song
2 – Choose Love
3 – Dream on Girl
4 – Your Waltz
5 – Minimal Sounds
6 – Oh My Mr. Blue
7 – Once I Found You
8 – Hey Tom
Á medida que o tempo passa, vou ficando cada vez mais ansioso pelo início do concerto. De repente as luzes apagam-se e um pano cai onde é projectado um vídeo onde ouvimos David Fonseca a dizer: “Não sei como começar.”. Continua a expor a sua teoria, enquanto se veste de mexicano, o que gera uma gargalhada geral. Mal o vídeo acaba, entram 4 mariachis com trompetes, saxofones e trombones a tocar a “La Cucaracha”, que provocam uma das muitas gargalhadas que o público daria esta noite. Quando os mariachis acabam a sua curta actuação, sobe o pano e vê-se David Fonseca a sorrir do sucedido. A sua banda, composta por Rita Redshoes (piano e voz), Ricardo Fiel (guitarra eléctrica), Paulo Pereira (teclados e programações, ou como disse David: “uma data de coisas que vocês nem querem saber!”), Nuno Simões (baixo) e Sérgio Nascimento (bateria), entra em palco e abrem as hostilidades com 4th Chance. O público recebe-os com uma ovação enorme, cantando a música com entusiasmo. Seguiu-se Our Hearts Will Beat as One (uma das minhas músicas preferidas de David), onde desceram do tecto, lanternas que preencheriam o cenário para a música que viria a seguir. Conhecido por tocar muitas versões no seus concertos (o que foi bastante notório neste concerto), a 3ª música foi Song to the Siren da autoria de Tim Buckley, que também já tinha sido tocada no festival Sudoeste de 2006.
Depois de nos presentear com este excelente dueto, David encarna Elton John e canta Rocket Man. A sua ida ao South by Southwest neste ano, originou uma nova música que o cantor apresentou aos seus fãs, cujo nome provisório é: Orange Tree. Depois de tocar uma versão de Space Oddity de David Bowie, David sobe para um patamar superior do palco para cantar, I See the World Through You. Com recurso a bolas de espelhos e bailarinos, This Ranging Light é a música que se segue. É neste momento, que começa um dos momentos altos da noite: em jeito de comediante de Stand-Up, David fala-nos do seu desejo de ser agente secreto, o que provoca grandes gargalhadas no público lisboeta. Este momento antecede uma das músicas de maior sucesso de David, The 80's, onde não faltou, lá está, um êxito dos anos 80. A música foi interceptada por uma versão da música Video Killed The Radio Star dos Buggles.
Para os que criticam os artistas portugueses que cantam em inglês, David responde com a música do seu 2º álbum (Our Hearts Will Beat As One): Adeus, não afastes os teus olhos dos meus. A banda faz então uma pausa e David Fonseca, com os "seus óculos maravilha" (como dizia uma espectadora ao meu lado), vem ao palco (com o auxílio do que eu penso ser uma Celesta) e interpreta vários hits radiofónicos, bem conhecidos do público em geral: Wannabe das Spice Girls, Toxic da Britney Spears, Maneater da Nelly Furtado, Can't Get You Out of My Head da Kylie Minogue e Umbrella da Rihanna, descrevendo a situação amorosa que cada uma das músicas tratava. Depois do descanço merecido da sua banda, voltam ao palco fazendo-nos recordar o ano de 1998, quando David Fonseca partilhava o palco com Sofia Lisboa, Rui Costa e Tozé Pedrosa, tocando a música Angel Song dos Silence 4. O cantor volta a oferecer-nos uma das suas versões com All Day and All of the Night dos The Kinks. Depois de mais uma pausa, David Fonseca volta ao palco, deitado numa cama, vestido com pijama, tocando a música Dreams In Colour que dá o nome ao seu último álbum. O cenário é decorado milhares de bolhas de sabão. Ao acabar a música, David levanta-se, despe o pijama, a banda entra e o cantor diz: "Bem-vindos ao meu sonho!". Os elementos do grupo estavam todos mascarados: motoqueiro (Sérgio Nascimento), imperador romano (Paulo Pereira), Rita Redshoes de mágica (ela que era bem conhecida por levar varinhas para os palcos), Pato Donald (Ricardo Fiel), bávaro (Nuno Simões) e, David de militar, estilo Napoleónico. Podia estar neste concerto mais duas horas e amanhã repetir, mas infelizmente o concerto chega ao fim com David a interpretar: Together in Electric Dreams, música dos anos 80 de Phil Oakley, ensaduichada pela versão dos Silence 4 de A Little Respect dos Erasure. O momento final do concerto é memorável, com corações feitos de papel a caír do tecto (ainda tenho o meu!) e com o Coliseu a cantar: "We'll always be together, together in electric dreams!".
Foi sem dúvida, um dos melhores concertos aos quais eu assisti e será sem dúvida um dos concertos nacionais do ano. A nível de alinhamento, coreografia, luzes, decoração do palco, qualidade de som, foi um concerto a roçar a perfeição. Houve música, dança, cinema, teatro e até stand-up comedy, o que prova o quão completo David Fonseca é. Com um orçamento muito inferior a outras grandes estrelas internacionais, David conseguiu fazer um concerto memorável, que muito provavelmente não se irá esquecer. Para os que não foram, ou para os que quiserem reviver este magnífico concerto, será editado um DVD deste. Os meus sinceros parabéns David.