quarta-feira, 16 de abril de 2008

David Fonseca no Coliseu dos Recreios

“Estão prontos para sonhar?”


Certamente um Coliseu dos Recreios cheio esteve pronto para os sonhos de David Fonseca. Sendo fã do seu trabalho, desloquei-me, no dia 12 de Abril, à imponente sala de espectáculos, onde estava marcado um concerto de David, para apresentar o novo álbum: Dreams in Colour. As expectativas eram grandes. Nos dias anteriores, em várias entrevistas David dizia que já não pensava noutra coisa. Falava num espectáculo completamente diferente dos outros, algo grandioso. O público correspondeu da melhor forma, enchendo o Coliseu.

Mas primeiro, foi Rita Redshoes a tomar conta do palco. O público compareceu mais cedo para assistir ao concerto da menina dos sapatos vermelhos, curioso para ver o que esta fazia sem David Fonseca. Abriu-nos o apetite para o que viria a seguir e fez-me pensar na canção Hold Still, que interpreta com David Fonseca. Tocou 8 músicas do seu novo álbum, presenteando-nos com a sua belíssima voz, onde o single Dream on Girl foi claramente a música mais aplaudida da cantora. Rita esteve muito emotiva a interpretar as suas canções, com alguma timidez, mas sempre segura. Estou curioso para ver um concerto da Rita com mais condições para explorar ao máximo a sua música.



Alinhamento:

1 – The Beginning Song
2 – Choose Love
3 – Dream on Girl
4 – Your Waltz
5 – Minimal Sounds
6 – Oh My Mr. Blue
7 – Once I Found You
8 – Hey Tom

Á medida que o tempo passa, vou ficando cada vez mais ansioso pelo início do concerto. De repente as luzes apagam-se e um pano cai onde é projectado um vídeo onde ouvimos David Fonseca a dizer: “Não sei como começar.”. Continua a expor a sua teoria, enquanto se veste de mexicano, o que gera uma gargalhada geral. Mal o vídeo acaba, entram 4 mariachis com trompetes, saxofones e trombones a tocar a “La Cucaracha”, que provocam uma das muitas gargalhadas que o público daria esta noite. Quando os mariachis acabam a sua curta actuação, sobe o pano e vê-se David Fonseca a sorrir do sucedido. A sua banda, composta por Rita Redshoes (piano e voz), Ricardo Fiel (guitarra eléctrica), Paulo Pereira (teclados e programações, ou como disse David: “uma data de coisas que vocês nem querem saber!”), Nuno Simões (baixo) e Sérgio Nascimento (bateria), entra em palco e abrem as hostilidades com 4th Chance. O público recebe-os com uma ovação enorme, cantando a música com entusiasmo. Seguiu-se Our Hearts Will Beat as One (uma das minhas músicas preferidas de David), onde desceram do tecto, lanternas que preencheriam o cenário para a música que viria a seguir. Conhecido por tocar muitas versões no seus concertos (o que foi bastante notório neste concerto), a 3ª música foi Song to the Siren da autoria de Tim Buckley, que também já tinha sido tocada no festival Sudoeste de 2006.




Who are U? é a música que se segue. Ao inicio o público estranhou a sonoridade, mas mal David cantou o primeiro verso (“Ever since I saw you”), os espectadores reconheceram-na e cantaram aquela que foi o primeiro single do álbum Our Hearts Will Beat as One. Ao acabar a música, o cantor fala-nos de uma música que tem um inicio simples… E o que é musicalmente mais simples que um assobio? Superstars, o hit do novo álbum de David Fonseca, originou o primeiro grande aplauso da noite. Com megafone na mão e em cima de uma placa giratória, David interpreta Silent Void uma das músicas preferidas de muitos fãs do leiriense. Numa vídeo do blog do cantor a propósito da sua ida ao festival South by Southwest em Austin (Texas), David diz que em cada ida ao festival, fez uma música. Em 2007, fez a música que sucedeu Silent Void no alinhamento do concerto, Kiss me, Oh Kiss me, o 3º e mais recente single do álbum Dreams in Colour, antecedida de uma versão curta da música Still Loving You, dos Scorpions. Someone That Cannot Love, o single que iniciou a sua carreira a solo, foi a oitava música do concerto. Rita Redshoes em conjunto com David Fonseca, cantou, uma das mais bonitas canções do segundo álbum do cantor, Hold Still.


Depois de nos presentear com este excelente dueto, David encarna Elton John e canta Rocket Man. A sua ida ao South by Southwest neste ano, originou uma nova música que o cantor apresentou aos seus fãs, cujo nome provisório é: Orange Tree. Depois de tocar uma versão de Space Oddity de David Bowie, David sobe para um patamar superior do palco para cantar, I See the World Through You. Com recurso a bolas de espelhos e bailarinos, This Ranging Light é a música que se segue. É neste momento, que começa um dos momentos altos da noite: em jeito de comediante de Stand-Up, David fala-nos do seu desejo de ser agente secreto, o que provoca grandes gargalhadas no público lisboeta. Este momento antecede uma das músicas de maior sucesso de David, The 80's, onde não faltou, lá está, um êxito dos anos 80. A música foi interceptada por uma versão da música Video Killed The Radio Star dos Buggles.

Para os que criticam os artistas portugueses que cantam em inglês, David responde com a música do seu 2º álbum (Our Hearts Will Beat As One): Adeus, não afastes os teus olhos dos meus. A banda faz então uma pausa e David Fonseca, com os "seus óculos maravilha" (como dizia uma espectadora ao meu lado), vem ao palco (com o auxílio do que eu penso ser uma Celesta) e interpreta vários hits radiofónicos, bem conhecidos do público em geral: Wannabe das Spice Girls, Toxic da Britney Spears, Maneater da Nelly Furtado, Can't Get You Out of My Head da Kylie Minogue e Umbrella da Rihanna, descrevendo a situação amorosa que cada uma das músicas tratava. Depois do descanço merecido da sua banda, voltam ao palco fazendo-nos recordar o ano de 1998, quando David Fonseca partilhava o palco com Sofia Lisboa, Rui Costa e Tozé Pedrosa, tocando a música Angel Song dos Silence 4. O cantor volta a oferecer-nos uma das suas versões com All Day and All of the Night dos The Kinks. Depois de mais uma pausa, David Fonseca volta ao palco, deitado numa cama, vestido com pijama, tocando a música Dreams In Colour que dá o nome ao seu último álbum. O cenário é decorado milhares de bolhas de sabão. Ao acabar a música, David levanta-se, despe o pijama, a banda entra e o cantor diz: "Bem-vindos ao meu sonho!". Os elementos do grupo estavam todos mascarados: motoqueiro (Sérgio Nascimento), imperador romano (Paulo Pereira), Rita Redshoes de mágica (ela que era bem conhecida por levar varinhas para os palcos), Pato Donald (Ricardo Fiel), bávaro (Nuno Simões) e, David de militar, estilo Napoleónico. Podia estar neste concerto mais duas horas e amanhã repetir, mas infelizmente o concerto chega ao fim com David a interpretar: Together in Electric Dreams, música dos anos 80 de Phil Oakley, ensaduichada pela versão dos Silence 4 de A Little Respect dos Erasure. O momento final do concerto é memorável, com corações feitos de papel a caír do tecto (ainda tenho o meu!) e com o Coliseu a cantar: "We'll always be together, together in electric dreams!".


Alinhamento:

1 - 4th Chance

2 - Our Hearts Will Beat As One

3 - Song To The Siren de Tim Buckley

4 - Who Are U?

5 - Superstars II

6 - Silent Void

7 - Kiss Me, Oh Kiss Me tocada depois de uma versão curta de Still Loving You, dos Scorpions

8 - Someone Who Cannot Love

9 - Hold Still II

10 - Rocket Man

11 - Orange Tree

12 - I See The World Through You antecedida de Space Oddity de David Bowie

13 - This Raging Light

14 - The 80's / Video Killed The Radio Star dos Buggles

15 - Adeus, Não Afastes Os Teus Olhos dos Meus

16 - Wannabe das Spice Girls + Toxic da Britney Spears + Maneater da Nelly Furtado + Can't Get You Out of My Head da Kylie Minogue + Umbrella da Rihanna

17 - Angel Song dos Silence 4

18 - All Day and All of the Night dos The Kinks

19 - Dreams In Colour

20 - Together In Electric Dreams de Philip Oakey / A Little Respect a versão dos Silence 4 para a original dos Erasure



Foi sem dúvida, um dos melhores concertos aos quais eu assisti e será sem dúvida um dos concertos nacionais do ano. A nível de alinhamento, coreografia, luzes, decoração do palco, qualidade de som, foi um concerto a roçar a perfeição. Houve música, dança, cinema, teatro e até stand-up comedy, o que prova o quão completo David Fonseca é. Com um orçamento muito inferior a outras grandes estrelas internacionais, David conseguiu fazer um concerto memorável, que muito provavelmente não se irá esquecer. Para os que não foram, ou para os que quiserem reviver este magnífico concerto, será editado um DVD deste. Os meus sinceros parabéns David.



(As fotos deste artigo foram disponiblizadas por José Goulão. Podem consultar mais fotografias do concerto deste fotografo em: http://www.flickr.com/photos/goulao/sets/72157604516397653/.)

terça-feira, 15 de abril de 2008

Dead Combo - Lusitânia Playboys



É verdade,foi ontem dia 14 de Abril de 2008 que teve ordem de soltura o terceiro disco da dupla Trips e Pedro Gonçalves, Lusitânia Playboys, sucessor Quando A Alma Não É Pequena [Vol 2.] .


Os Dead Combo, são uma banda original de Lisboa que funde estilos como, fado, blues, rock, jazz com influencias de bandas sonoras dos westerns, música africana, música latina entre outras. Formaram-se em 2002, mas só em 2004 lançaram o seu primeiro album,Vol.1., que apresentando uma sonoridade inovadora, principalmente devido a uma fusão de fado com outros estilos, foi bem recebido pela critica, em 2006 lançam o seu segundo album Quando A Alma Não É Pequena [Vol 2.] que, embora seguindo mesmo registo do album anterior,é também mais aberto ao mundo experimentando mais as sonoridades dos outros países, como o flamenco, tango, e influências westerns.


A banda é constituída por Trips (guitarra eléctrica) e Pedro Gonçalves (contrabaixo, kazoo, melódica e guitarras), embora os seus albuns contem sempre com participações de vários músicos.


Os Dead Combo afirmam que Lusitânia Playboys é o seu album mais festivo, mais experimental, mais barroco, contando com a participação de muitos outros músicos, afastando-se talvez um pouco do seu registo anterior, mais melancólico.


Os Dead Combo vão fazer uma digressão de apresentação do seu album por várias fnacs e outras salas, incluindo duas datas no estrangeiro:


14 Apr FNAC Chiado
16 Apr FNAC Colombo
19 Apr FNAC Algarveshopping
24 Apr Forum Castelo Branco
29 Apr FNAC Viseu
30 Apr FNAC Coimbra
1 May Salão Brasil, Coimbra
2 May FNAC Braga
2 May N101, Caldas das Taipas
3 May FNAC Sta. Catarina
3 May Passos Manuel
4 May FNAC Gaia Shopping
4 May FNAC Norteshopping
6 May LUX
21 Jun Auditório d’A Moagem, Fundão
4 Jul 2008 Paths of Peace Festival, Rovereto, Italy
10 Jul Teatro do Campo Alegre
12 Sep World Cultures Festival, Gdansk, Poland



Review deste album para breve.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Sizo - O Porto dá-nos Vinho, Francesinhas, Tripas e... Electrónica

Quem disse que os Radiohead foram os pioneiros?


Os Sizo não disseram de certeza! Tive oportunidade de ver esta banda ao vivo na edição do festival Heineken Paredes de Coura de 2007. Os Sizo abriram as hostilidades para um festival que revelou-se para mim uma experiência inesquecível. A banda portuense teve uma actuação que me surpreendeu bastante, com energia e vontade de animar o público. O vocalista João Guedes pede aos courenses para se aproximarem e para se juntarem à festa.

Não conhecendo a banda, quando regressei, fui investigar. A maravilha que é o MySpace.com trouxe-me músicas como Big Three, The Slang is Dead e First. E os Sizo nunca mais perderam o meu respeito. Quando eu e os meus colegas pensámos na realização do blog reservei logo um artigo a esta banda, o que me levou a investigar um pouco mais.

A questão com que inicio o artigo (Quem disse que os Radiohead foram os pioneiros?) é pertinente ao descobrir que o álbum que lançaram foi posto na internet ao dispôr do público, anteriormente os ingleses terem feito o mesmo (informo que os Radiohead são elevados ao estatuto de heróis por muitos por terem colocado o seu álbum disponível na internet). Obviamente que são realidades diferentes, os Sizo estão a iniciar a carreira e os Radiohead já têm uma legião de fãs por todo o mundo. E também, não estou a acusar os Radiohead de plágio, pois duvido muito que saibam quem são os Sizo. Retirando a frase do site dos portuenses: "Nós estamos a oferecer a nossa música. Em teoria, não gostamos desse facto, mas para sermos honestos, é a maneira mais rápida de mostrar-vos o que estamos a fazer.", vemos que o objectivo é mesmo divulgar a sua música de forma mais rápida e abrangente. Segundo o site (http://www.deathtosizo.com/), o álbum supostamente estaria disponível até dia 15 de Agosto de 2007, mas eu consegui retirá-lo do site já em 2008, por isso aproveitem!



Nice to Meet You é o nome do primeiro registo da banda portuense. Honestamente, parece mais uma demo do que um álbum dado que só tem 8 músicas e uma delas é a introdução a outra. Mas deixam desde logo boas impressões, apesar do desleixo e da qualidade da gravação. Segundo os próprios: o álbum foi gravado todo no mesmo dia no dia 18 de Março de 2007, das 5.42 da tarde às 3.55 da manhã.
O alinhamento do CD é o seguinte:

1. The Slang is Dead
2. L'amour
3. Intro (We Born)
4. We Born
5. Big Three
6. Demo The Satan
7. You Ate the Stars
8. First

É um registo caracterizado por uma sonoridade bastante electrónica onde a presença de um sintetizador (tocado por Eurico Amorim), evidencia bem isso, mas há também outros elementos que ajudam a música a ter um registo electrónico: na voz é usada distorção, e a guitarra (tocada por André cruz) recorre muito aos efeitos proporcionados pelos pedais.
The Slang is Dead é das música mais dançáveis do álbum, tendo um toque negro à mistura. Demo The Satan, 6ª faixa do álbum é caracterizada por ter um riff de guitarra contagiante e que fica no ouvido. A depressão e a revolta parece ter contagiado a banda em We Born, que acaba com um som que me deixa colado às colunas. First, que por acaso é a última música do álbum, será a preferida dos fãs da pista de dança, sendo díficil ficar parado a ouvi-la. O hit do álbum seria sem dúvida alguma Big Three, uma música para qualquer ouvido. A guitarra trás tranquilidade, a voz de João Guedes fica fenomenal com a distorção, o refrão dá-nos vontade de gritar "Hey! Yo! It's Alright!", por isso, é, para mim, a melhor música do álbum. Como não tem videoclip, deixo-vos com First.


If Lucy Fell - Zebra Dance

Afinal quem caíu foi Zebra Dance!


Foi no passado dia 4 de Fevereiro que saíu Zebra Dance o sucessor de You Make Me Nervous, o 2º album dos If Lucy Fell, banda de Lisboa constiuída por elementos de bandas como Linda Martini e Riding Panico.
Neste album a banda apresenta influências, desde blues, a influências mais experimentais, sem deixar de fora o hardcore, principal fonte de influência, como já nos tinha habituado no seu 1º album. Este segundo álbum é marcado pela presença do punk que está bem demarcada ao nível das letras, que têm um cariz maioritariamente contestatário e também ao nível da sonoridade. Em muitas das musicas é referida a cidade de Lisboa. A banda conta também com um novo elemento nas teclas, João Pereira, mais conhecido por Shela.
Colossus Kid e Dead Chords são talvez os temas do álbum que mais saltam ao ouvido.
Este álbum conta também com a participação de Joaquim Albergaria, vocalista dos The Vicious 5, e também com a da banda Dead Combo.

Alinhamento :

1. Fire Exists
2. Marie Antoinette
3. Colossus Kid
4. Circus Parade
5. Dead Chords
6. Dolores
7. Lady Sam
8. La Decadence (com Joaquim Albergaria)
9. Eyes On The Road
10. She Lives She Dies (com Dead Combo)

Para os fãs da banda, recomendo o concerto em que os If Lucy Fell vão actuar (para além de outros espéctaculos) dia 19 de Julho, no Tuatara em Alvalade, com os Converge (banda conceituada de hardcore/mathcore Norte-Americana).